domingo, 1 de abril de 2012

O NOSSO DIA A DIA NO SEMINÁRIO

Todos os dias acordávamos bem cedinho sob as badaladas do sino dadas pelo Reitor Pe. Antônio Chamel, as quais nos faziam, imediatamente, pular da cama, escovar os dentes, lavar o rosto, vestir a batina e, em fila, caminhar até à capela para assistir a santa missa em jejum, no início, devido à falta do costume, alguns chegavam a desmaiar durante a cerimônia, aconteceu comigo, depois a gente acostumava. De batina, ainda, depois da missa, íamos para o refeitório tomar o café da manhã, se não me engano, fazíamos ginástica duas vezes por semana antes do café, teve um dia que me senti mal durante os exercícios, depois tomávamos um banho frio [não tinha chuveiro elétrico].
Depois do café matinal tínhamos um pequeno recreio e, até na hora do almoço, haviam quatro aulas, durante o almoço, ouvíamos a leitura do Novo Testamento [cada dia um era marcado para ler], depois da leitura, o Reitor batia uma capainha e aí todo mundo podia conversar.
Após o almoço, o recreio era maior, ficávamos ouvindo música e batendo papo, mais ou menos uma hora e meia, o sino tocava todo mundo para dentro das salas de estudo, era o momento de fazer os deveres, para compensar o cansaço, três vezes por semana, tínhamos depois do estudo o treino do time do seminário, formávamos dois quadros,  a linha do primeiro quadro jogava contra            a defesa do segundo, dava um bom resultado porque o time do seminário era imbatível.
Depois do futebol, todo mundo ia para o chuveiro, na hora da janta não podíamos conversar, comíamos em silêncio ouvindo a leitura de um livro, quando o leitor errava, o Pe. Antonio batia a campanhinha, eu me lembro de um colega que não conseguia acertar a palavra e acabou chorando no púlpito.
Após o jantar, um longo recreio entrava noite a dentro, eu tinha o costume de ficar ouvindo música e a minha preferida era a orquestra do Ray Conniff, gostava muito dos arranjos de duas músicas, ‘Besame Mucho’ e ‘Aquarela do Brasil’.
Mais um estudo vinha em seguida, depois dele, todos iam para a capela meditar e rezar a oração da noite, às nove horas [da noite] em ponto, o sino tocava e nós já estávamos debaixo do cobertor, o reitor visitava os dois dormitórios [haviam um dos maiores e outro dos menores] para ver se estava tudo em ordem e, assim, o dia terminava, isto era de segunda a sábado, domingo era muito diferente, ficávamos muito mais à vontade, sempre tinha jogo com times de fora e à noite fazíamos um passeio até ao Caiçara, onde havia uma balança para caminhões, um lugar retirado da cidade, melhor dizendo, a saída de Leopoldina pela rodovia Rio-Bahia em direção ao Rio de Janeiro.

Foto: Eu [Anibal] de batina no quintal da casa dos meus pais em Recreio/MG, no ano de 1961

Aníbal Werneck de Freitas.

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ORATIO AD SANCTO EXPEDITO