segunda-feira, 11 de junho de 2012

Rio + 20 [Antônio Carlos Roxo]

Prezados: aproveito a oportunidade para encaminhar, em anexo, meu artigo que deve sair no Diário da Região aqui de Osasco. Tenho um espaço neste jornal às terças-feiras, juntamente com um grupo de estudos – Geceu do Centro Universitário Unifieo, local em que leciono.
Abraço do
Antônio Carlos Casulari Roxo da Motta.
 
 
 
                 Rio + 20
                               Antônio Carlos Roxo

Há muito tempo atrás, e bota tempo nisto, não que eu seja tão velho assim, mas é que eu sou precoce, o ambientalista  Fábio Feldmann esteve em visita à nossa região. Na oportunidade o grande programa era levá-lo para ver os diversos lixões que pululavam por aqui, cada um pior e mais degradado que o outro. Não é que em uma de nossas paradas em mais um lixão, Fábio Feldmann me puxou pelo braço e disse: - Você sabe quantos lixões eu já vi nesta semana? Uns quinze! O pessoal acha que ecologia, meio ambiente, é discutir alternativas para os lixões! É muito mais do que isso!  
Apesar de muitos passos dados desde então, tem sido difícil conseguir superar temas antigos e respostas mais antigas ainda para a questão do meio ambiente e, ou melhor, a sobrevivência do próprio planeta. A questão não é simplesmente o aquecimento global, a poluição e a destruição da natureza, mas como evitar, recuperar e reconstruir o já deteriorado meio ambiente dentro de novos padrões de produção e consumo.
Além disso, o enfoque que vem sendo dado, fortemente embasado  em uma visão de mercado, que é bem representado na questão relativa ao crédito de carbono, que em última instância significa que as empresas pagam para poluir. As empresas fazem projetos que poluem e oferecem em contrapartida pagamento para que em algum lugar do planeta haja outros projetos que garantam a preservação de equivalente. Esta visão, de extração capitalista e conservadora, deve urgentemente ser superada. No “ frigir dos ovos” não se mexe em um fio de cabelo do sistema que está por trás e que no seu processo infinito de inovação galopante, consumismo exacerbado,  obsolescência  selvagem (vide a renovação e imposição permanente de novos aparelhos celulares e de hábitos de consumo) cria um moto contínuo de degradação ambiental.
Apesar de a capacidade humana de enfrentar obstáculos e de criação de novos processos, produtivos inclusive,  jogar a solução deste imbróglio para a tecnologia, novamente esbarra na questão fundamental, é o modo da humanidade interagir, produzir, distribuir e consumir que criou o círculo vicioso, crescimento, consumo e degradação ambiental.  A tecnologia que se nos apresentam como resposta salvadora,  também se ressente deste compromisso com o lucro e com a perpetuação do status quo, que no lado social mostra, como resultado,  um mundo que perpetua a miséria, e a riqueza extremada.
Agora mesmo, o Brasil, que sedia a Rio + 20, cujo mote é a Economia Verde, em decorrência do aumento de estoque de carros nas montadoras diminuiu impostos para aumentar a venda dos automóveis, e com isso não afetar a taxa de crescimento, mambembe, do PIB, índice que está sob suspeita e no banco dos réus como um dos sustentáculos de um modo de produção e consumo viciado e corrompido em termos sócio ambiental. Crescimento baseado em produção de transporte individual: já era!
Portanto, nem tecnologia nem pagamento para poluir (argh!), nada disto pode ser solução. Há que se desenvolver uma nova forma de encarar a natureza e de dar alimento e vida digna, igualmente, a todos os seres humanos. O que necessariamente passa por rediscutir padrões e índices de crescimento, assim como, padrões de produção, circulação, consumo e riqueza, cujo diferencial entre países deve necessariamente ser reduzido, através de dois movimentos: de um lado redução de consumo e, de outro, melhorias de condições de vida e existência.
    Antônio Carlos Roxo, coordenador e professor do curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais é membro fundador do GECEU.    E-mail : roxo@unifieo.br
 

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