quinta-feira, 11 de outubro de 2012

NO TEMPO DO SEMINÁRIO [Anibal & Fernando]



Todos os dias acordávamos bem cedinho, por volta das 5,30 hs,  sob as badaladas do sino dadas pelo Reitor Pe. Antônio Chamel, as quais nos faziam, imediatamente, pular da cama, ouvir do bedel a proclamação de louvor, Benedicamus Dominus!, ao que todos respondiam, sonolentos, Deo gratias!, em seguida, de pé, rapidamente, se dirigiam ao banheiro para escovar os dentes, lavar o rosto, vestir a batina (tudo isso deveria ser feito em 20 minutos) e, em fila, caminhar até à capela para fazer a Oração da Manhã e, em seguida, assistir à Santa Missa, em jejum. No início, devido à falta do costume, alguns chegavam a desmaiar durante a cerimônia, depois a gente acostumava. De batina, ainda, depois da missa, em silêncio, íamos para o refeitório tomar o café da manhã mantendo o silêncio.  Uma vez por semana, após o café tínhamos uma sessão de ginástica no campo de futebol comandada pelo Padre Reitor, depois tomávamos um banho frio [não tinha chuveiro elétrico].
Depois do café matinal, tínhamos um pequeno recreio (15 min.), e depois um estudo de 30 minutos antes das aulas que iam até às 11hs, quando dirigíamos para o almoço, onde, em silêncio, ouvíamos a leitura do Novo Testamento [cada dia um era marcado para ler], depois da leitura, o Reitor batia a capainha, e aí todos diziam, Deo gratias! E começava o falatório. Durante as refeições quando imperava o silêncio, tínhamos que fazer sinais com os dedos para pedir comida aos colegas garçons, da seguinte forma, 1 (feijão), 2 (arroz), 3 (carne), 4 (verduras e 5 (angu).
Terminado o almoço, era o momento de se usufruir uma hora e meia de recreio, onde todos tinham a liberdade de usá-lo da melhor maneira que lhes aprouvessem: ouvir música, bater papo, jogar spire- ball, vôlei, ping-pong e outras coisas mais. Depois do recreio, todos se dirigiam às salas de estudo (45 min.) para, em seguida, deliciarmos o café da tarde às 14 horas e, finalmente, assistir à quinta aula do dia.
15 horas, mais dois estudos que perfaziam hora e meia.
16,30 hs, horário estabelecido para o banho do dia até às 17 horas quando todos se dirigiam para o jantar.
Para compensar o cansaço, duas vezes por semana, tínhamos depois do estudo o treino do time do seminário, formávamos dois quadros,  a linha do primeiro quadro jogava contra  a defesa do segundo, dava um bom resultado porque o time do seminário era imbatível.
Depois do futebol, todo mundo ia para o chuveiro.  Na hora da janta não podíamos conversar, comíamos em silêncio ouvindo a leitura de um livro. Quando o leitor errava a pronúncia da palavra, o Pe. Antonio batia a campanhinha para que ele se corrigisse .
Após o jantar, um longo recreio entrava noite a dentro. Mais um estudo vinha em seguida, depois dele, todos iam para a capela meditar, rezar o terço e a oração da noite. Às nove horas [da noite] em ponto, o sino tocava e nós já estávamos debaixo do cobertor, o reitor visitava os dois dormitórios [haviam um dos maiores e outro dos menores] para ver se estava tudo em ordem e, assim, o dia terminava, isto era de segunda a sábado, domingo era muito diferente, ficávamos muito mais à vontade, sempre tinha jogo com times de fora e à noite fazíamos um passeio até ao Caiçara, onde havia uma balança para caminhões, um lugar retirado da cidade, melhor dizendo, a saída de Leopoldina pela rodovia Rio-Bahia em direção ao Rio de Janeiro.

Anibal e Fernando.

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ORATIO AD SANCTO EXPEDITO