sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

PASCAL MORREU ATEU, E DAÍ?



Deixe-me ver se entendi. A imprensa capitalista está boquiaberta com a última do Papa Francisco I. Segundo a revista Piauí, no artigo, DEUS É BURRO?, de Bernardo Carvalho, o Pontífice revelou uma terceira conversão do pensador  Pascal que antes dizia: "Vocês não perdem nada acreditando em Deus; ao contrário, só tem a ganhar." Para: "Vocês têm tudo a ganhar não acreditando em Deus." Ou seja, Pascal terminou os seus últimos dias totalmente ateu. Pois bem, não vejo porque criar tanto barulho numa revelação desta. Li a obra,"PENSAMENTOS" de Blaise Pascal, ou seja, uma copilação dos seus últimos manuscritos que o autor já bastante doente deixou de forma desordenada em pedaços de papel que lhes caiam à mão. Alguns contêm textos inteiros, todavia, muitos são com frases incompletas, cuja letra garranchada pela doença atrapalhava ainda mais o entendimento. Os últimos quatro anos de vida, sofrendo de de uma doença que o impedia de escrever, certamente influenciou em muito o seu modo de pensar.
Voltando ao assunto, o autor do artigo da Piauí não gostou desta revelação e ainda por cima citou um dos escritores argentinos que sempre admirei, Jorge Luiz Borges, como mentor do Francisco, embutindo aí um rancor pelo que a Igreja fez em relação aos jesuítas nos últimos 300 anos. Sabemos que no reinado de D. José I, século XVIII, os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal, quem realmente mandava em Portugal, na época. Deste modo, discordo do jornalista e não vejo nenhuma raiva no Papa por nos ter revelado o ateísmo de Pascal. Sob o meu ponto de vista, a doença do famoso filósofo Pascal o trouxe  à sanidade, porque entre os seus escritos ele nos deixou claro que neste mundo não existe lugar para duas naturezas distintas, ou seja, se somos filhos de Deus, somos divinos, também. Mas as imperfeições que existem no mundo nos levam a crer que somos, na verdade, humanos.
Concluindo, esta revelação papal, a bem da verdade, nos quer dizer o seguinte: Vamos olhar mais para a Terra do que para o Céu. Agora, se o Papa é ateu, ou se tem rancor no coração, o que nos importa isso?, desde que a Igreja cumpra o Evangelho de Cristo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!". Portanto, o negócio é aqui na Terra e não no Céu. Francisco está simplesmente correto.

Anibal Werneck de Freitas.

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ORATIO AD SANCTO EXPEDITO