quarta-feira, 8 de outubro de 2014

SEGUNDO TURNO: MOMENTO DE DECISÃO [Antônio Carlos Roxo]

Com o segundo turno, questões fundamentais para o país devem ser colocadas no debate eleitoral. Segundo turno é para isto. No primeiro se vota em que mais se acredita, no segundo se o seu candidato não foi para o segundo turno, escolhe, digamos, o menos pior, opinião que, naturalmente, não foi o da maioria.De certa forma pode-se afirmar que os gargalos estruturais do país estão identificados. Saúde, educação, infraestrutura são problemas que, creio, estão dentro de um consenso mínimo. Dentre outras, uma questão central, e aí, as candidaturas apresentam diferenças substanciais refere-se ao papel do estado na economia. De um lado os defensores do mercado como senhor quase absoluto para as decisões do que, quanto, como e para quem produzir. De outro, os que defendem que o mercado não é, de forma nenhuma, a única e melhor alternativa para as decisões econômicas. As duas visões se enquadram na política industrial: horizontalista ou verticalista. Para a horizontalista, como o mercado é mais eficiente na alocação dos recursos, dever-se-ia fazer a política industrial para todos, universalizada, os melhores seriam os vencedores. A verticalista, parte do pressuposto de que os recursos são escassos e, portanto, caberia um planejamento centralizado para direcionar os investimentos nos setores considerados prioritários. É o caso de incentivar os campeões nacionais. Para os primeiros, críticos da intromissão do estado no mercado, a escolha de campeões por um órgão central, levaria a um processo de lobby para influenciar as decisões centralizadas, suscetíveis de corrupção. Para os segundos, do ponto de vista dinâmico, os vencedores de curto prazo, dado pelo mercado, no longo prazo, nem sempre seriam eficientes, ou a melhor alternativa para o país. Cita-se o exemplo da Coréia do Sul que elegeu seu campeões, lá atrás, e hoje é a potência que é. Aqui se insere também a Necessidade de Requisitos Locais. Isto é, obrigar que parte das compras externas tenham conteúdo produzido internamente. Objetiva-se desenvolver a indústria nacional. Os críticos, fundamentalistas do mercado, argumentam que isto aumenta o custo das máquinas e implementos importados, dificultando a produção a um preço menor. Proteger a indústria significa para os mercadistas comprar mais caro e privilegiar a ineficiência. Para os heterodoxos um país deve defender sua produção e seu mercado, condição básica para garantia do emprego. Muitas indústrias devem ser protegidas por sua capacidade de transbordamento positivo para outros setores da economia, o chamado efeito multiplicador. Na história há janelas de oportunidades quando se pode diminuir as distâncias entre os países.A questão que fica no ar: para aproveitar esta janela, deve-se acreditar simplesmente na orientação do mercado, ou precisa-se da participação ativa do estado?

Antônio Carlos Roxo, economista pela UFJF, mestre pela UFMG, doutor pela USP, é coordenador do curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais e membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior e Relações Internacionais do UNIFIEO – GECEU. È, também, membro fundador do CICERO – Comitê de Incentivo ao Comércio Exterior da Região Oeste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ORATIO AD SANCTO EXPEDITO