quarta-feira, 10 de abril de 2019

EU E O GOLPE DE 64 [II]


Eu conheci o Mauro e o Juarez, quando ambos eram padres na Paróquia Menino-Deus, de Recreio(MG). Naquela ocasião, ajudei muita missa, em Recreio, Angaturama, Barreiros e Conceição. Foi um tempo difícil de minha juventude. Os padres eram realmente preocupados com o lado social da comunidade e por isso foram taxados de comunistas por algumas autoridades locais. Se não fosse um general de Juiz de Fora, que intercedeu por eles, porque os conhecia muito bem, os padres seriam presos pela ditadura militar e sei lá o que poderia acontecer com eles.
Pois é, lembrando deste episódio, passei a entender melhor, porque o Padre Juarez, anos antes, me chamou até à biblioteca da casa paroquial, pra me perguntar se tinha algum livro proibido pelos militares na estante. Confesso que não vi nenhum, todos eram religiosos, no entanto, fiquei muito intrigado, com o porquê da sua preocupação comigo. Enfim, este período foi, realmente, de terror, as pessoas não confiavam nem na sua sombra. É por isso que fico pau da vida, quando alguém elogia este tempo, se esquecendo de que poderia ser uma vítima, também, por engano ou por vingança. 

NOTA, A foto, cedida gentilmente pela Editora Radiante, nos mostra, claramente, como era a igreja da Paróquia Menino-Deus de Recreio(MG), naquela época.

Anibal Werneckfreitas, 10/04/2019.

domingo, 7 de abril de 2019

EU E O GOLPE DE 64 [I]


Ontem, eu vi o Carlos Alberto de Nóbrega, na televisão, no Altas Horas, alertando os jovens, Gente, vocês não sabem o que é uma ditadura, um grupinho numa esquina pode parar na prisão facilmente, vocês não podem nem abrir a boca pra se defenderem, eu tenho filhos e netos, tenho muito medo que ela volte, é realmente algo inconcebível. 
Pois é, eu que vivi, praticamente, toda a minha juventude, neste período sombrio, de 1964 até 1985, sofri na pele inúmeras vezes o peso deste poder fascista e, pasmem, em pleno anonimato.
Continuando, a primeira vez que senti, foi quando eu estudava no Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, de Leopoldina(MG). 
Na ocasião, para expor num quadro mural, eu fazia uns desenhos e recortava charges de jornais, que criticavam o Presidente Jango. 
Até aí, tudo bem. O problema foi, no dia do Golpe Militar, em 31/03/1964, uma ordem que os padres receberam, sei lá de quem,  proibindo os seminaristas de voltarem pra casa. Confesso que fiquei temeroso. Naquele dia, vi o país parar e ninguém sabia o que fazer. 

NOTA, Na foto, a fachada do prédio do Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, de Leopoldina(MG). 

Anibal Werneckfreitas, em 07/04/2019. 

MONTEIRO LOBATO (1882 - 1948)

14 anos após a morte de Monteiro Lobato, que se deu em 1948, eu li toda a sua obra, ou seja, no que se concerne ao Sítio do Pica-Pau Amarelo, no Seminário Diocesano de Leopoldina(MG). Foi um momento mágico, os livros eram do Cônego Naves (in memoriam). Tempos depois, a TV produziu programas referentes, mas nunca foi igual à leitura, porque nela a gente imaginava os personagens. Cheguei até a fazer uma história em quadrinhos, com o meu personagem, Martininho, no capítulo referente à Esfinge, que devorava quem não soubesse decifrar suas charadas. Enfim, foi um momento muito feliz da minha vida.

Anibal Werneckfreitas, em 07/04/2019.





ORATIO AD SANCTO EXPEDITO