segunda-feira, 19 de novembro de 2012

AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA! [Antônio Carlos Roxo (Lisquim)]




















O Brasil tem crescido muito aquém do que poderia e deveria, devido a erros do passado que se perpetuaram ao longo do tempo. A infraestrutura deteriorada, que algumas vezes, por condições momentâneas, pode ser suportada, mas que, mais dia menos dia, cobraria seu preço. Agora, passada a euforia do aumento internacional dos preços das commodities, afloram as deficiências que afetam a capacidade competitiva do país.
Outra deficiência estrutural, a mãe de todas, é a educação.  Um país para ser fonte de inovação tecnológica, o diferencial entre os países líderes e os caudatários, precisa ter um sistema nacional de inovação que passa necessariamente por uma revolução educacional. O que implica soluções abrangentes entre as quais se inscreve a valorização profissional do educador, que não se resume, apesar de importante, na questão salarial. A profissão está tão aviltada, que os cursos de formação para professores de Matemática e Português minguam. E estas, são duas disciplinas que alicerçam qualquer construção de bases para um sistema educacional inovador e abrangente.
Sai ano e entra ano, sai governo entra governo, as mazelas estruturais seculares: portos, aeroportos, rodovias, hidrovias e ferrovias, apesar de os, anunciados com pompa, grandes programas para enfrentar e resolver definitivamente a situação precária da infraestrutura, se transformam  em “ o rato que a montanha pariu”.
A matriz de transporte, concentrada no transporte individual, o de carga e de pessoas, um contrassenso devido às dimensões continentais do país, é outro fator a impedir um crescimento autossustentável. Na hora do vamos ver, sempre se cai na solução imediatista, veja-se as repetidas, com pretextos vários, mas com lobby fortíssimo das montadoras, diminuição do IPI para os automóveis.
Disparate semelhante refere-se à estrutura tributária do país, com concentração em impostos indiretos (IPI,ICMS), os mais injustos do ponto de vista social pois tratam  os desiguais igualmente, ou seja, até nos impostos se aprofunda a concentração de renda. Os impostos diretos (IR, IPVA, IPTU), mais justos por tratarem os desiguais desigualmente têm menor participação. O Imposto de Renda em particular, ao longo do tempo, teve suas alíquotas achatadas para os mais ricos.  Para completar, o emaranhado de regulamentações, coloca o sistema tributário entre as dificuldades adicionais para a capacidade competitiva das empresas.
O que introduz outro componente que faz parte de nossa “alma”, a burocracia.  Chaga entranhada, de difícil solução, que incrementa o que os economistas denominam de custo de transação.
Outro fator é a política de juros, nociva, que se transformou em obstáculo quase intransponível. Ressalte-se o esforço do atual governo, que enfrentou com coragem a grita geral dos economistas do mainstream, que servindo ao senhor mercado, leia-se sistema financeiro, tentaram (tentam) torpedear de todas as formas as tentativas de jogar o padrão dos juros para um nível mais civilizado.  Irmão siamês dos juros altos o câmbio valorizado, também em rota de correção, deixou um rastro de destruição na estrutura produtiva nacional que, hoje, cobra seu preço.

*Antônio Carlos Roxo, coordenador e professor do curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais é membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – GECEU.    E-mail : roxo@unifieo.br

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