O Brasil tem crescido muito aquém do que poderia e deveria, devido a erros do passado que se perpetuaram ao longo do tempo. A infraestrutura deteriorada, que algumas vezes, por condições momentâneas, pode ser suportada, mas que, mais dia menos dia, cobraria seu preço. Agora, passada a euforia do aumento internacional dos preços das commodities, afloram as deficiências que afetam a capacidade competitiva do país.
Sai ano e
entra ano, sai governo entra governo, as mazelas estruturais seculares: portos,
aeroportos, rodovias, hidrovias e ferrovias, apesar de os, anunciados com
pompa, grandes programas para enfrentar e resolver definitivamente a situação
precária da infraestrutura, se transformam em “ o rato que a montanha pariu”.
A matriz de
transporte, concentrada no transporte individual, o de carga e de pessoas, um
contrassenso devido às dimensões continentais do país, é outro fator a impedir
um crescimento autossustentável. Na hora do vamos ver, sempre se cai na solução
imediatista, veja-se as repetidas, com pretextos vários, mas com lobby
fortíssimo das montadoras, diminuição do IPI para os automóveis.
Disparate
semelhante refere-se à estrutura tributária do país, com concentração em
impostos indiretos (IPI,ICMS), os mais injustos do ponto de vista social pois
tratam os desiguais igualmente, ou seja,
até nos impostos se aprofunda a concentração de renda. Os impostos diretos (IR,
IPVA, IPTU), mais justos por tratarem os desiguais desigualmente têm menor
participação. O Imposto de Renda em particular, ao longo do tempo, teve suas
alíquotas achatadas para os mais ricos. Para
completar, o emaranhado de regulamentações, coloca o sistema tributário entre
as dificuldades adicionais para a capacidade competitiva das empresas.
O que
introduz outro componente que faz parte de nossa “alma”, a burocracia. Chaga entranhada, de difícil solução, que incrementa
o que os economistas denominam de custo de transação.
Outro fator
é a política de juros, nociva, que se transformou em obstáculo quase
intransponível. Ressalte-se o esforço do atual governo, que enfrentou com
coragem a grita geral dos economistas do mainstream,
que servindo ao senhor mercado, leia-se sistema financeiro, tentaram (tentam)
torpedear de todas as formas as tentativas de jogar o padrão dos juros para um
nível mais civilizado. Irmão siamês dos
juros altos o câmbio valorizado, também em rota de correção, deixou um rastro
de destruição na estrutura produtiva nacional que, hoje, cobra seu preço.
*Antônio Carlos Roxo, coordenador e professor do curso de
Comércio Exterior e Negócios Internacionais é membro fundador do Grupo de
Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – GECEU. E-mail : roxo@unifieo.br
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