O dia era 7 de setembro de 1963, o seminário estava de folga, cada seminarista cuidava de suas coisas nos dormitórios, lá fora, na rua, ouvia-se o rufar dos tambores da passeata comemorando a Independência do Brasil, mal sabíamos que no ano seguinte entraríamos numa puta ditadura militar. Como éramos seminaristas, tínhamos de ficar no quartel [seminário] sem sermos soldados e foi aí que me aconteceu algo que quase me fez colocar as tripas pra fora. Pois bem, sozinho no meio do campo de futebol, resolvi caminhar até o córrego do Feijão Cru. Conta-se que o nome veio do costume dos tropeiros apressados do início do século XIX comerem o feijão ainda cru com medo de serem flechados pelos índios que habitavam a região, antes de Leopoldina ser um arraial.
Voltando ao que me aconteceu, caminhei em direção ao córrego e como tinha pouca água, no meio dele, uma porca morta, muito grande, já bastante inchada, fazia uma espécie de represa, atrapalhando um pouco o curso d'água. Desta feita, tentei removê-la, mas quando espetei a vara de bambu no corpo dela, ela penetrou facilmente, devido à flacidez da pele causada pela morte, e, através dela escorreu um sangue podre tão fétido que na mesma hora saí correndo, fazendo vômitos terríveis que só não vomitei porque sempre tive um estômago muito forte. Acredito que nas imediações da porca, o fedor deveria estar insuportável, molestando os vizinhos. Não contei isso a ninguém, com medo do Reitor me punir, e assim, fiquei na minha.
anibal werneck de freitas.
quinta-feira, 28 de abril de 2016
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