Prezados: aproveito a oportunidade para encaminhar, em anexo, meu artigo
que deve sair no Diário da Região aqui de Osasco. Tenho um espaço neste jornal
às terças-feiras, juntamente com um grupo de estudos – Geceu do Centro
Universitário Unifieo, local em que leciono.
Abraço do
Antônio Carlos Casulari Roxo da Motta.
Rio + 20
Antônio Carlos
Roxo
Há muito tempo atrás, e bota tempo nisto, não que eu seja
tão velho assim, mas é que eu sou precoce, o ambientalista Fábio Feldmann esteve em visita à nossa
região. Na oportunidade o grande programa era levá-lo para ver os diversos
lixões que pululavam por aqui, cada um pior e mais degradado que o outro. Não é
que em uma de nossas paradas em mais um lixão, Fábio Feldmann me puxou pelo
braço e disse: - Você sabe quantos lixões eu já vi nesta semana? Uns quinze! O
pessoal acha que ecologia, meio ambiente, é discutir alternativas para os
lixões! É muito mais do que isso!
Apesar de muitos passos dados desde então, tem sido difícil
conseguir superar temas antigos e respostas mais antigas ainda para a questão
do meio ambiente e, ou melhor, a sobrevivência do próprio planeta. A questão
não é simplesmente o aquecimento global, a poluição e a destruição da natureza,
mas como evitar, recuperar e reconstruir o já deteriorado meio ambiente dentro
de novos padrões de produção e consumo.
Além disso, o enfoque que vem sendo dado, fortemente
embasado em uma visão de mercado, que é bem
representado na questão relativa ao crédito de carbono, que em última instância
significa que as empresas pagam para poluir. As empresas fazem projetos que
poluem e oferecem em contrapartida pagamento para que em algum lugar do planeta
haja outros projetos que garantam a preservação de equivalente. Esta visão, de
extração capitalista e conservadora, deve urgentemente ser superada. No “
frigir dos ovos” não se mexe em um fio de cabelo do sistema que está por trás e
que no seu processo infinito de inovação galopante, consumismo exacerbado, obsolescência
selvagem (vide a renovação e imposição permanente de novos aparelhos
celulares e de hábitos de consumo) cria um moto contínuo de degradação
ambiental.
Apesar de a capacidade humana de enfrentar obstáculos e de
criação de novos processos, produtivos inclusive, jogar a solução deste imbróglio para a
tecnologia, novamente esbarra na questão fundamental, é o modo da humanidade
interagir, produzir, distribuir e consumir que criou o círculo vicioso,
crescimento, consumo e degradação ambiental.
A tecnologia que se nos apresentam como resposta salvadora, também se ressente deste compromisso com o
lucro e com a perpetuação do status quo,
que no lado social mostra, como resultado, um mundo que perpetua a miséria, e a riqueza
extremada.
Agora mesmo, o Brasil, que sedia a Rio + 20, cujo mote é a
Economia Verde, em decorrência do aumento de estoque de carros nas montadoras
diminuiu impostos para aumentar a venda dos automóveis, e com isso não afetar a
taxa de crescimento, mambembe, do PIB, índice que está sob suspeita e no banco
dos réus como um dos sustentáculos de um modo de produção e consumo viciado e
corrompido em termos sócio ambiental. Crescimento baseado em produção de
transporte individual: já era!
Portanto, nem tecnologia nem pagamento para poluir (argh!),
nada disto pode ser solução. Há que se desenvolver uma nova forma de encarar a
natureza e de dar alimento e vida digna, igualmente, a todos os seres humanos.
O que necessariamente passa por rediscutir padrões e índices de crescimento,
assim como, padrões de produção, circulação, consumo e riqueza, cujo
diferencial entre países deve necessariamente ser reduzido, através de dois
movimentos: de um lado redução de consumo e, de outro, melhorias de condições
de vida e existência.
Antônio Carlos
Roxo, coordenador e professor do curso de Comércio Exterior e Negócios
Internacionais é membro fundador do GECEU.
E-mail : roxo@unifieo.br
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