quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CONFIAR DESCONFIANDO (Final) Antônio Carlos Roxo


Neste tempo eleitoral é importante olhar com muita atenção todas as notícias que aparecem na mídia, olhar com lupa, pois o jogo é pesado, a  neutralidade é só aparente. Sabem aquela história do copo meio cheio ou meio vazio? Pois é, para a grande imprensa o copo da Dilma sempre está meio vazio.
Em setembro o Estadão publicou editorial econômico  destacando a venda de  R$ 2 bilhões em títulos federais  com deságio,  99,99% do valor de face. Por exemplo,  um título de R$ 1.000,  vendido por R$ 999,90, desconto de 10 centavos. Conclusão do jornal, tal fato “indicava uma piora na percepção dos investidores quanto à condução da política fiscal”, o mantra do conservadorismo contra o atual governo. Se o título fosse vendido por R$ 1000,10, haveria editorial para informar a melhora nesta percepção? Nem pensar, pelo ridículo que seja!
A Standard & Poor’s classificou a percepção de risco da Irlanda, cuja dívida é de 450% do PIB como A- (quase sem risco) , a Espanha com dívida de 300% do PIB teve sua classificação melhorada passando para BBB, enquanto o  Brasil com dívida liquida de 33,8%  do PIB (bruta de 66,16%) e a quinta maior reserva financeira do mundo,  teve seu rating rebaixado de BBB para BBB-. Sentiram o drama?
Quando o governo brasileiro se posicionou de forma firme contra mais um massacre de palestinos em Gaza, para muitos consequência direta da oposição de Israel contra a união entre os movimentos Hamas e Fatah (a grande maioria dos cerca de 2.200 palestinos mortos, eram crianças e civis; enquanto  dos 73 mortos do lado de Israel, 66 eram soldados e 7 civis),  a intempestiva reação israelense (citando a derrota brasileira para a Alemanha por 7x1, como se uma guerra devesse ser tratada como um  jogo de futebol) , levou “grandes” articulistas conservadores a desancarem o governo: como, só ver um lado? Logo a seguir a ONU condenou quase por unanimidade Israel(investigação de crimes de guerra) e mais recentemente  o próprio governo Israelense  se desculpou pela  reação estapafúrdia . Alguém fez mea culpa? Espere sentado!
A Petrobras em junho recebeu do governo Dilma o aval  para explorar mais quatro áreas do pré-sal da Bacia de Santos, sem licitação, o que é permitido pela lei de partilha. A grita foi grande, o objetivo precípuo: desgastar o governo. Afirmou-se que os R$ 2 bilhões iniciais pagos, ainda em 2014, teriam o objetivo de garantir o  superávit primário (poupança do governo para pagar os juros da dívida pública), prejudicando a empresa. Ledo engano, pois se fosse licitação a empresa deveria desembolsar R$ 15 bilhões imediatamente, e não  a perder de vista, como agora. Com a nova área a empresa passa a ter reservas abaixo apenas da russa Rosneft, por volta de 30 bilhões de barris. Segunda maior reserva do mundo! Evidente que os olhos gulosos das aves de rapina internacionais e seus comparsas nacionais estão de olhos grandes nessas reservas e na própria empresa. Não à toa, boa parte da oposição é contra o regime de partilha. Afinal se há tantas criticas como as acima, ou são equívocos de boa fé, ou há muitos grandes ($$$) interesses contrariados. Por estas e outras, no segundo turno, cravo, claro, Dilma!


Antônio Carlos Roxo, economista pela UFJF, mestre pela UFMG, doutor pela USP, é coordenador do curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais e membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior e Relações Internacionais do UNIFIEO – GECEU.  È, também, membro fundador do CICERO – Comitê de Incentivo ao Comércio Exterior da Região Oeste.     

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ORATIO AD SANCTO EXPEDITO