É preciso muita coragem para erigir uma mudança radical na vida, dez anos militei no ateísmo e confesso que não fui feliz, quanto mais negava Deus, mais ele crescia dentro de mim na sua paciência infinita, parecia-me que ele sabia que um dia eu retornaria, um bom filho sempre volta à casa do pai, e depois, minha formação católica é muito forte, eu estava me violentando ao ponto de angariar sintomas psico-somáticos, pois é, poderia me poupar desta declaração, no entanto, acho que devo uma satisfação a todos os que me acompanharam até aqui, a bem da verdade, a descrença lhe joga numa espécie de limbo, você fica completamente ilhado, a nossa existência perde o seu sentido, e, viver, torna-se algo enfadonho, o ateísmo é como o passado, ou seja, pesado demais, é como se eu estivesse malhando em ferro frio, portanto, peço desculpas aos que estou desapontando, todavia, acho a sinceridade acima de tudo, e, o mais interessante é que esta decisão que tomei, se concretizou lendo um calhamaço de 765 páginas sobre a História do Ateísmo, do autor Georges Minois, na sua obra vi que o descrença é tão antiga quanto a crença, e, no entanto, a religião sempre foi mais forte, porque ela traz uma palavra mágica chamada esperança, não importa qual seja o credo, o que importa é a ideia de que o nosso sofrimento não é em vão, existe realmente uma resposta pelo o que fazemos de bom ou de ruim, tudo é confiscado, podemos enganar os homens, mas a Deus, jamais, sei que ele é um mistério necessário, que deve ser cultivado ininterruptamente, assim como uma flor que deve ser regada todos os dias, e, é isso que vou fazer sempre, não tenho nada a perder, só a ganhar.
anibal werneck de freitas.
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